
A família Smith havia acabado de se mudar. Viveram em diversos países e esta era a sua quinta experiência. O casal era diplomata e ambos trabalhavam para a Embaixada Americana. Tinham três filhos, todos nascidos em países diferentes. George, o mais velho, na China. Vivian, a do meio, na Inglaterra. E John, o caçula, no Peru. Vivendo há pouco mais de três meses na Costa Rica, haviam por fim se mudado para a casa onde morariam pelos próximos quatro anos.
Em uma madrugada, Scott, o pai, foi despertado por barulhos ensurdecedores de pássaros, eram muitos. Já estava acostumado com o despertar natural das aves, que diariamente o tiravam da cama antes das cinco da manhã, mas nessa noite o barulho era diferente, mais alto e mais grave. Tinha a sensação de que os animais estavam dentro de seu quarto. Despertou Barbara, a esposa, que, sonolenta, disse que não era nada para que a deixasse dormir.
Ele se levantou e foi até a janela. Não conseguia ver nada. Além da escuridão, um forte nevoeiro atrapalhava sua visão. Olhou para o relógio e viu que faltavam vinte minutos para as 4h da manhã. Frustrado e sem conseguir dormir, ele foi até a cozinha, agarrou um copo de água e se questionava o que teria acontecido para que o barulho, esta noite, fosse fora do normal. Antes de regressar ao quarto, decidiu dar uma olhada nos filhos, que dormiam tranquilamente, cada um em seu dormitório. “Não é possível”, ele pensou. “Como podem dormir com tamanho alvoroço?”. Ele voltou para a cama e tentou cobrir seus ouvidos com o travesseiro, mas a tentativa de abafar o som externo foi em vão e acabou se rendendo em seguida.
Uma hora mais tarde, ainda passeava pela internet tentando encontrar alguma explicação natural para o fato, quando Barbara acordou e se surpreendeu com o ruído incomum que os pássaros faziam. Apesar da claridade do início da manhã, o forte nevoeiro continuava restringindo a visibilidade do casal, encobrindo, inclusive, a magnífica vista das montanhas que eles contemplavam todos os dias pela janela do quarto. Intrigados, os dois continuaram observando o nevoeiro, tentando entender o que de fato acontecia para causar tanta inquietação aviária.
Alguns minutos se passaram e o nevoeiro começou a se dissipar. Pouco a pouco, puderam distinguir alguns vultos que se camuflavam em meio à neblina. Incrédulos, eles viram um grande ninho no alto de uma árvore próxima a janela. Nele havia três ovos, que, pelo tamanho, se assemelhavam a bolas de basquete. Felizmente, a ave chocadeira não se encontrava em seu lugar. Scott pegou o telefone para procurar que tipo de pássaro poderia ter chocado criaturas tão grandes, mas antes que pudesse finalizar as buscas sentiu a mão da esposa a lhe puxar pela camisa, chamando sua atenção para fora. Então ele pode observar, junto com ela, o impressionante voo daquilo que o despertara horas antes.
Estavam diante de uma espécie de pterossauro que, mesmo com seu tamanho descomunal, elaborava movimentos precisos para pousar delicadamente no ninho que havia criado durante a noite. Surpresos com a cena que viam, perceberam que não se tratava de uma ave e sim de um réptil pré-histórico voador.
Assustados, observaram que outros iguais a este sobrevoavam sua casa. Eles correram para acordar os filhos e buscar um local seguro para se abrigar até descobrir o que realmente estava acontecendo. Enquanto seguiam para seus quartos, os ruídos aumentavam com intensidade, fazendo-os acreditar que os animais estavam cada vez mais próximos da casa e, possivelmente, praticando voos rasantes sobre o imóvel.
Enquanto Barbara acordava George, Scott foi ao quarto de John e logo seguiria ao de Vivian, mas, quando chegou, ela não se encontrava em sua cama. Com pressa, a esposa corria com os dois filhos para a sala acústica que ficava no primeiro andar da casa. O ambiente sem janelas e com revestimento apropriado fora adaptado pela família e transformando em uma confortável sala de televisão, a qual eles usavam todos os sábados à noite para sessões de cinema. Mas, neste momento, o local serviria de abrigo para que pudessem se proteger dos ferozes animais.
Enquanto isso, Scott continuava procurando Vivian e gritava desesperadamente seu nome. Ao passar por uma janela com vista para o jardim, viu a filha caminhando pela grama, descalça e de camisola. Olhava para cima, observando com curiosidade e espanto os animais que sobrevoavam sua cabeça. Scott abriu a janela e berrou seu nome, mandando que regressasse à casa, mas era tarde demais. O animal, que antes cuidava de seus três ovos, agarrou Vivian pelas axilas, arrancando-a do chão. Levava-a para o alto, enquanto ela se debatia em descontrole, e antes mesmo de chegar ao ninho e acomodar a menina no alto da árvore, o animal a soltou. Em choque, Scott acompanhava a queda livre da filha por mais de 20 metros. Desesperado, ele berrou novamente e despertou de seu pesadelo no exato momento em que a menina colidiria com o chão.
Suado, ele se sentou ainda com a respiração ofegante e suspirou aliviado ao perceber que tudo não passara de um sonho. Nunca imaginou que assistir ao filme Jurassic World na noite anterior o afetaria tanto. Na véspera, a família havia comido pizzas de “pepperoni”e depois assistido ao filme que tem como cenário a Costa Rica. Recuperado do susto, Scott agradecia ao fato de não ter concordado em ver o filme “IT – A Coisa”, sugerido pelo seu filho mais velho.

Muito bom . Fiquei nervosa!!! Kkk
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Kkkk imagino que sim!
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Kkk, que susto!!!
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Suspense e comédia, acho uma combinação curiosa e deliciosa!
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Um conto de realidade fantástica que assusta. Ainda bem que foi um sonho.
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Uma realidade fantástica como você bem descreveu, mas a motivação que me levou a escrever foi bem real! Os pássaros costumam me tirar da cama cedo aqui na Costa Rica.
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