
Ana se sentia ansiosa. Caminhava de um lado para o outro no quarto do hotel onde se preparava para o grande dia de sua vida. Os seis anos de namoro não foram tão longos quanto os seus últimos minutos de solteira.
Os convidados conheciam a sua pontualidade e ela, pensando no conforto de todos na pequena igreja, não planejava atrasar. Estavam em pleno verão tropical e prontamente os formais trajes dos cavalheiros e os elegantes vestidos das damas, se tornariam aquecedores pessoais.
Ana chegou acompanhada de sua mãe às 7h da noite, e foi informada de que sua avó paterna ainda não havia chegado à igreja. Sua mãe imediatamente iniciou o seu típico discurso “sogra fóbico”, mas Ana, acostumada com suas frequentes queixas, não lhe deu ouvido.
Ao final da cerimônia religiosa, depois que sua avó interrompera a homilia do padre ao adentrar à igreja, Ana e Jorge deixaram o altar caminhando lentamente pelo corredor principal. Com as mãos entrelaçadas, e o sorriso típico de recém-casados, os noivos cumprimentavam a todos ao seguirem em direção a saída do santuário.
Os convidados marcharam apressadamente para seus carros, queriam ser os primeiros a chegarem ao local da grande celebração matrimonial. O motorista dos noivos já os aguardavam na porta da igreja, pronto para seguirem o mesmo destino, quando Ana e Jorge foram surpreendidos pela notícia de que o padre e sua assistente, não tinham como retornar as suas casas.
A sogra de Ana, que era muito amiga do religioso, teve a infeliz ideia de pedir aos noivos que lhes dessem uma carona antes de irem para a festa, colocando-os em uma situação muito desconfortável, já que a sugestão foi feita diante do sacerdote, que com um olhar penoso, disse que não precisavam se incomodar pois, eles caminhariam até a estação mais próxima do metrô. A mãe de Jorge retrucou prontamente dizendo: “Claro que não! Não lhes custa nada, não é meu filho?” E assim os noivos partiram. O padre sentado no banco da frente e atrás, o casal se apertava para acomodar sua secretária.
Dissimulando sua indignação, Ana imediatamente se recordou do discurso de sua mãe, momentos antes quando chegaram à igreja, e se lamentou por não ter prestado atenção em suas sábias palavras.
Durante a festa, todos se mostravam muito felizes comemorando o momento precioso. Jorge dançava tranquilamente com a mãe de sua esposa, quando foi surpreendido por uma versão de sua sogra a qual que ele não conhecia. Com um sorriso enganoso no rosto para não demonstrar aos convidados a sua verdadeira intenção, ela lhe disse; “Se algum dia você fizer mal a minha filha, eu te caçarei no inferno!” Terminando a intimidação com uma longa e ruidosa gargalhada.
Assustado, ele não sabia se deveria fugir da velha desvairada, ou denunciá-la à polícia, mas qualquer que fosse a opção, a “víbora” iria encontrá-lo. Decidiu fingir-se de tolo e acompanhar a risada macabra da mulher.
Ao final da grande festa, o casal foi o último a deixar o salão, sendo obrigado a dar novamente uma carona. Dessa vez para as duas sogras, que sentadas no banco traseiro do veículo, cantavam com entusiasmo por todo o percurso.
A sogra de Jorge, que era divorciada, usava o véu da noiva, enquanto a sogra de Ana, viúva há alguns anos, segurava o buquê de flores que agarrara na festa, e às 3h da manhã, as duas gritavam pelas janelas; “Somos as próximas, somos as próximas!”
Adorei!!!!
CurtirCurtir
Vc enxerga alguma similaridade? 😊
CurtirCurtir
Por ser curto o conto é uma pérola nas mãos de quem sabe usar essa forma de expressão. Parabéns. Você demonstrou estar pronta para ser lida por consumidores exigêntes.
CurtirCurtir
Obrigada Arnaldo! Fico feliz que tenha gostado. Estou preparando outros mais!
CurtirCurtir
Parabéns Lu!
Adorei!!! Gosto muito de contos e esse em especial tem muita graça e leveza!!! Fiquei com um gostinho de quero mais.
Um beijo
Lelena
CurtirCurtir
Que delicia saber que meu trabalho e dedicação estão sendo apreciados. Vão ter outros! Beijos
CurtirCurtir
Gostei mto Lulu.
Teus livros e agora esse conto , só ajudaram para reforçar a minha convicção de que estás sim no caminho certo é que irás colher “ mto bons frutos” como uma boa escritora. Aliás isso está nas entrelinhas
Parabéns!!!
🌹
Eloha
CurtirCurtir
Obrigada Eloha! Muito bom ter o seu apoio aqui.
CurtirCurtir