Um texto sobre nosso momento atual
Um drone sobrevoa a cidade. Registra as ruas e avenidas vazias. Nenhum veículo circulando, nem mesmo pessoas caminhando. Onde, antes do alto, se via um mar de carros e gente, hoje é só abandono.
Sensação de que algo não está bem, de que a cidade está enferma.
Escritórios mandaram seus colaboradores trabalharem de casa. Escolas cerraram temporariamente suas atividades e os comerciantes, sem alternativa, foram obrigados a fecharem suas portas. Alguns puderam se adaptar, se reinventar, mas a maioria não teve como se salvar.
Os famosos pontos turísticos da cidade, que há pouco tempo estavam abarrotados de pessoas disputando um espaço ombro a ombro, hoje propiciam um cenário sedutor para a captura de perfeitas fotografias. Mas qual o sentido, se já não há ninguém para usufruir de tal encanto?
O medo dominou a população, que encontra em suas casas o porto seguro para se esconder de uma ameaça que chegou sorrateiramente e sem notificação. Muitos não acreditam que de tão pequena e invisível possa fazer tanto mal.
Afinal, o ser humano não sempre esteve no topo da pirâmide predatória? Um animal perigoso! O mais devastador da face da terra!
Isso me faz lembrar do tempo em que jogava Trunfo com meus filhos. Anos atrás! A versão que tínhamos era a de animais e, nenhuma carta do jogo perdia para a do “Homem”, que possuía o mais alto grau em periculosidade. Assim que o baralho era distribuído aos jogadores, já sabíamos quem a havia ganhado, já que era impossível dissimular a alegria ao recebê-la.
Quem diria que em pleno século XXI, precisaríamos incluir um novo competidor nesse antigo jogo. Uma carta capaz de aterrorizar o homem, de aprisioná-lo. O obrigando a cumprir uma quarentena angustiante e o afastando de sua vida em sociedade.
Em muitos lugares do planeta, viver é a única preocupação. Trabalho e estudo passaram para segundo plano. Os sobreviventes dessa batalha vivem a angústia diária da incerteza, do medo e do vazio.
Nossa realidade foi afetada de um dia para o outro. Tivemos que correr para os supermercados. Mentalizar quais seriam as refeições da família para as próximas duas semanas e abastecer a casa para evitar saídas desnecessárias.
Passamos a viver um mundo 100% virtual. No trabalho, na escola e no social. Tudo passou a ser através da tela do computador. Cada família em seu ninho, respeitando o isolamento.
Jornais tornaram-se cada vez mais catastróficos e, a população cada vez mais apavorada. Mas como evitar essa nova conduta quando passamos o dia confinados e, ao mesmo tempo, conectados ao mundo pandêmico, atingido por um vírus enigmático que se espalhou silenciosamente pelo planeta.
Algumas pessoas ainda duvidam de sua magnitude. Garantem que é papo de extremistas, pregam pela teoria da conspiração e, insistem na manutenção da normalidade.
Países que ainda estão no início da curva de ascensão, deveriam se espelhar e aprender com aqueles que já estão mergulhados na devastação, sofrendo as consequências por terem subestimado o adversário. Líderes deveriam engolir seus egos e diferenças. A mídia deveria ser mais informativa e altruísta. E nós? Deveríamos continuar fazendo a nossa parte, mantendo-nos em isolamento e mais do que nunca, ajudando aos menos privilegiados.
Cada qual tem o seu papel na sociedade e, não podemos nos esquecer que nessa guerra, todos nós temos a mesma relevância.
Amei 👏👏👏👏
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Descreve exatamente nossa realidade atual!
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